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Porque ser a favor a lei da palmada?

Muito se fala da questão do trauma. A criança que recebe leves palmadas, terá traumas em seu futuro? Eu digo que cada casa é um caso, é isso vale para todas as experiências da vida, cada pessoa absorve e significa as vivências de maneira diferente. Para algumas restam traumas, outras não. Para outras, inclusive situações aparentemente menos dolorosas, deixam traumas muito maiores. Então, não tem como prever. O que posso dizer é que em muitos dos casos, “palmadas leves e esporádicas” não deixam sérias “cicatrizes psicológicas”.
Porém é importante ressaltar a visão que o trauma é uma prolongação do sofrimento. Muitas vezes nos preocupamos demais com o futuro e nos esquecemos do presente, ou seja, nos preocupamos com as consequências futuras e nos esquecemos do sofrimento momentâneo causada pela dor física. Temos o direito de agredir nossas crianças, mesmo que levemente? Se agredir um adulto é crime, porque agredir uma criança que não pode se defender pode ser permitido?
Mas acredito, que em pauta, muito maior que a agressão física em si, está a questão da educação.  Quando optamos por dar uma palmadinhas, normalmente nos justificamos que estamos ensinando o certo. Na verdade, o intuito é este mesmo, ensinar o que se deve fazer. Mas será que com a palmada, estamos ensinando o certo? O certo é resolver os problemas com violência ? Ensinar o que não deve fazendo outra coisa que não se deve? Agressão é a solução? Pois é esse o recurso que estamos ensinando nossos filhos a adotar quando tiverem algum problema na escola, na rua, com o irmão...
Quando batemos na maioria das vezes a criança deixa de emitir um comportamento por medo de apanhar e, não porque é errado e agir daquela maneira trará consequências negativas. Devemos ensinar nossas crianças o certo e o errado sempre em função das consequências que nossas ações podem gerar, e não simplesmente por resposta ao medo, condicionada e automática. E quando as crianças se tornarem adultos e não houver ninguém para bater, elas vão se comportar bem por qual motivo?  No fim o que vale são os valores e princípios que aprendemos em nossa educação e formam nossa personalidade, que não se formam com agressão, mas as palavras certas e atitudes positivas.
Os defensores da lei também argumentam quanto a medida da palmada. Parece obvio, mas será que quando estamos batendo temos noção da medida de nossa força ou sabem a hora certa de parar? Por quantas vezes você já passou por situações com outros adultos que lhe disseram “você não tem medida da sua força”? Imagine só uma criança.  Muitas vezes só percebemos que passamos do limite depois que ele já foi ultrapassado, quando não tem mais como voltar atrás. Então, nestes casos, são atitudes que é o melhor nem começar, pois na muitas vezes não sabemos a hora parar, como o consumo de bebida alcoólica, por exemplo.  E aquela criança que batemos fraco, e repete o comportamento inadequado. Depois a palmada é mais forte, e ela ainda não ainda aprende. Se ela não parar de se comportar de forma inadequada, e a palmada for ficando cada vez mais forte, qual será o limite?
Também tem muito pai que bate não por ser o melhor jeito do filho aprender, e sim o jeito mais fácil para ele ensinar. O pai chega do serviço cansado, sem tempo, o filho começa a “dar trabalho”. O pai sem paciência, prefere bater do que ter todo “mais trabalho” que o castigo ou uma conversa dispende. Aproveitando o exemplo da bebida alcoólica acima, não podemos esquecer dela.  Muitas vezes o pai ingere bebida alcoólica ou está com raiva por problemas no trabalho ou com a mulher, e acaba descontando suas frustações na criança, iniciando com a palmada.
Bem, nos debates que participei sobre o assunto, ouvi muito “meu pai me bateu e isso fez quem eu sou hoje.  Acho importante lembrar que não é todo mundo que apanha que segue bons caminhos  na vida, e nem a pessoa que nunca apanhou significa que não teve educação. Conheço inúmeros casos de pessoas que não apanharam dos pais e hoje são pessoas adultas, com valores, formadas e educadas. E outras demais que apanharam, apanharam e continuam “dando trabalho” pelo mundo afora. O mesmo vale para aquele ditado: “quem não apanha em casa apanha na rua”. Isso pode ser bem verdade, mas e quantos que já apanharam em casa, não resolveu,  e apanham também na rua? 
Outro ponto pouco discutido quanto a importância dessa lei, é a proteção da criança contra terceiros, como babás, cuidadores, tios, avós, já que a lei não vale apenas para pais, mas para qualquer adulto, proporcionando mais segurança também para os pais coibindo que seus filhos sejam agredidos contra sua vontade.

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